quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MINEIRIDADE


Minha namorada é paranaense, mas morou 6 meses em Bh, neste curto periodo ela ficou tão facinada com o sotaquê mineiro, que vira e mexe costuma utilizar, para a minha animação!

Quando li esta crônica abaixo, reparei que já se escreveu muito e de várias formas sobre Minas Gerais e sobre nós mineiros. Mas essa é bão dimaisss sô!

Felipe Peixoto Braga Netto (1973 - afirma que não é jornalista, não é publicitário, nunca publicou crônicas ou contos, não é, enfim, literariamente falando, muita coisa, segundo suas palavras. Mora em Belo Horizonte e ama Minas Gerais. Ele diz que nunca publicou nada, mas a crônica que apresento foi extraída do livro "As coisas simpáticas da vida", Landy Editora, São Paulo/SP - 2005, pág. 82.)

Gente, simplificar é um pecado. Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, tantos processos - oh sina - para analisar, eu fundaria um partido cuja luta seria descobrir as falas de cada região do Brasil.

Cadê os lingüistas deste país? Sinto falta de um tratado geral dos sotaques brasileiros. Não há nada que me fascine mais. Como é que as montanhas, matas ou mares influem tanto, e determinam a cadência e a sonoridade das palavras? É um absurdo. Existem livros sobre tudo; não tem (ou não conheço) um sobre o falar ingênuo deste povo doce. Escritores, ô de casa, cadê vocês? Escrevam sobre isto, se já escreveram me mandem, que espero ansioso. Um simples "mas" é uma coisa no Rio Grande do Sul. É tudo menos um "mas" nordestino, por exemplo. O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora? Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor. Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque. Mas, se o sotaque desarma, as expressões são um capítulo à parte. Não vou exagerar, dizendo que a gente não se entende... Mas que é algo delicioso descobrir, aos poucos, as expressões daqui, ah isso é... Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar". Não dizem: onde eu estou? dizem: "ôndôtô?"). Parece que as palavras, para os mineiros, são como aqueles chatos que pedem carona. Quando você percebe a roubada, prefere deixá-los no caminho. Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs. Digo-lhes que não.

Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço. Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê ta boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar. Desnecessário. Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer:

- Mexe com isso não, sôo (leia-se: sai dessa, é fria, etc).

O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício. Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:

- Áqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô. Esse "áqui" (acho que) é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor. Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa. Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.

Na verdade, o mineiro é o baiano lingüístico. A preguiça chegou aqui e armou rede. O mineiro não pronuncia uma palavra completa nem com uma arma apontada para a cabeça. Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer:

- Eu preciso de ir.

Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório. Deixa eu repetir, porque é importante. Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará:

- Ah, mãe, eu preciso de ir?

No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Deus, tenho que explicar tudo. Não vou ficar procurando sinônimo, que diabo. E não digo mais nada, leitor, você está agarrando meu texto. Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará:

- Ai, gente, que dó.

É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Eu aviso que vá se apaixonar na China, que lá está sobrando gente. E não vem caçar confusão pro meu lado. Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom (acho que dá na mesma), ela, se for jovem, vai gritar:

-"Ô, é sem noção".

Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Ouço a leitora chiar:

- "Capaz..."

Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "tá fácil que eu faça isso", com algumas toneladas de ironia. Gente, ando um péssimo tradutor. Se você propõe a sua namorada um sexo a três (com as amigas dela), provavelmente ouvirá um "capaz..." como resposta. Se, em vingança contra a recusa, você ameaçar casar com a Gisele Bündchen, ela dirá:

- "Ô dó dôcê".

Entendeu agora? Não? Deixa para lá.

É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica:

- "Ah, nem..."

O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz:

- "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?".

Resposta:

- "Ah, nem..."

Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?

A propósito, um mineiro não pergunta:

- "Você não vai?".

A pergunta, mineiramente falando, seria:

- "Cê não anima de ir"?

Tão simples. O resto do Brasil complica tudo. É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...

Certa vez pedi um exemplo e a interlocutora pensou alto:

- "Você quer que eu 'dou' um exemplo..."

Eu sei, eu sei, a gramática não tolera esses abusos mineiros de conjugação. Mas que são uma gracinha, ah isso lá são.

Ei, leitor, pára de babar. Que coisa feia. Olha o papel todo molhado. Chega, não conto mais nada. Está bem, está bem, mas se comporte.

Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade... Tem tantos outros... O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar:

- "Ah, fui lá comprar umas coisas... "

- "Ques coisa?, ela retrucará.

Acreditam? O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.

Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:

- "Ele pôs a culpa 'ni mim' ".

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou:

- "Preocupa não, bobo!".

E meus ouvidos. já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim. A fórmula mineira é sintética e diz tudo.

Até o tchau em Minas é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz "tchau pro cê", "tchau pro cês". É util deixar claro o destinatário do tchau. O tchau, minha filha, é prôcê, não é pra outra entendeu?

Deve haver, por certo, outras expressões... A minha memória (que não ajuda muito) trouxe essas por enquanto. Estou, claro, aberto a sugestões. Como é uma pesquisa empírica, umas voluntárias ajudariam... Exigência: ser mineira.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O carro: pane de libido?

Este texto é leitura minha obrigatória, quanto penso em endividar-me na compra de um carro novo...

O carro: pane de libido?

Pascal Bruckner*

São milhares de carcaças novas que, por toda a Europa e Estados Unidos, formam filas nos pátios, sob galpões, e esperam em vão por um comprador. Em nada lembram os clássicos cemitérios de carros, com seus montes de latarias amassadas, de chassis danificados apodrecendo em um terreno baldio, como o mítico Cadillac Ranch na Route 66 nos Estados Unidos, monolitos de metal pintados de forma grotesca, enfiados na areia do deserto californiano. Estes testemunhavam a vitalidade de uma indústria que largava atrás de si seus dejetos.

Os cemitérios de hoje vivem uma pane do sistema. A crise acelera uma aversão crescente pelo automóvel. Os glutões 4 x 4 são denunciados nos Estados Unidos pelos grupos evangélicos que veem neles símbolos de uma arrogância contrária aos ensinamentos de Cristo! Em toda parte os grandes fabricantes fecham usinas, reduzem a produção, declaram falência, demitem a torto e a direito. Fim de um objeto de fetiche que foi herói do século XX e criou em sua esteira tantas obras-primas, pequenas maravilhas da mecânica.

As mudanças na demografia anulam o direito à mobilidade. Tão maravilhoso quanto reservado a uma minoria, o carro, uma vez popularizado, se transforma em pesadelo, tornando cada motorista em prisioneiro de seu veículo, além de ser dispendioso. Fim da rapidez, da generalização do engarrafamento, do acidente como mostram tantas obras literárias ou cinematográficas.

Alienação e inércia O escritor Roberto Calasso bem disse: "A democracia é o acesso de todos a bens que não existem mais". Acrescente a esse descrédito o encarecimento dos custos do petróleo e sobretudo a acusação feita pelo discurso ecológico sobre essa indústria, poluente e incômoda. Antes símbolo de liberdade, o carro se tornou símbolo de alienação e inércia. A máquina que devorava o espaço se afundou em uma coagulação generalizada. O maravilhoso automóvel se transformou em banheira, lixeira barulhenta da qual fugimos horrorizados.

Não se trata de um simples regime ou dieta provisória antes de retomar a orgia: é realmente a conclusão de um ciclo. Claro, sempre se fabricarão carros, mas limpos, elétricos, pequenos, que não emitam nenhum gás carbônico, e recarregáveis na tomada.

A Califórnia comercializa há alguns anos o Tesla Roadster, um conversível limpo, escolhido pelos astros, e o prefeito Bertrand Delanoë logo lançará em Paris um sistema Autolib' nos mesmos moldes do Vélib': pequenos veículos elétricos que podem ser alugados por hora ou por dia. Seremos todos "ecocidadãos responsáveis", pegaremos o ônibus, o bonde, o metrô, pararemos de financiar, por meio de nossa gana por petróleo, as ditaduras sanguinárias ou os regimes opressores.

Mas como é um carro que não é nem chamativo, nem poluente, nem barulhento? Um meio de transporte, não um objeto de desejo. A ecologia tem razão, e é por isso que ela nunca suscitará o entusiasmo, uma vez que suas palavras de ordem são economia, privação e precaução. Fim da ostentação dos carrões que esmagavam com seu luxo a multidão de pedestres; fim das façanhas dos amantes de velocidade que brincavam de acelerações vertiginosas e flertavam com a morte a cada curva.

As acusações de Ivan Ilitch, André Gorz ou René Dumont em nada o afetaram. Foi preciso uma deserção global para que o sonho automobilístico perdesse seu encanto e que as vendas despencassem. Mas nunca se mata uma paixão sem antes substituí-la por outra. Nossas reluzentes máquinas já são substituídas pelos laptops, os computadores que respondem ao duplo princípio de independência e locomoção: estamos em todos os lugares sem sair de casa, ligados a todos sem estar com ninguém. No lugar dos monstros consumidores de energia, telas ultraplanas de funções múltiplas, em uma ferramenta de algumas centenas de gramas. É um novo paradigma que mexe com o indivíduo contemporâneo em uma era inédita de autossuficiência e mobilidade.

Não é o mercado que agoniza, é uma forma ultrapassada de capitalismo que desaparece porque deixou de ser desejável.

*Pascal Bruckner é escritor e ensaísta.


Tradução: Lana Lim

UOL Celular

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Suporte para bicicleta, revolucionário!!!


Seja em outros países, ou no NÃO lançamento no Brasil, algo estranho atrapalha o sucesso deste veículo: Corsa Hatch (Modelo europeu), com suporte (rack embutido), para transporte de bicicleta.

O que será que emperra esta idéia genial ????

Hipótese 1 => Este dispositivo diminui a segurança do veículo? (Eu me questiono quanto a isso, pois o exigente mercado europeu, com seus crash-tests e simulações, no passado já homologou este carro).

Hipótese 2 => Será que existem forças ocultas? Gente que é contra esta praticidade na vida dos ciclistas, pois este rack faz uma tremenda apologia ao meio de transporte alternativo: bicicleta!

( Sem dúvida, diminuiria alguma queima de petróleo e vendas de carros)...

Não encontrei a resposta ainda...

Neste link um trans bike encontrado no mercado nacional: http://garpereira.blogspot.com.br/2017/03/transbike-rack-pra-carro-velocompact.html

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Bicicletas com bom custo beneficio.

Outro dia, eu fui indagado por uma conhecida, qual bicicleta comprar para fazer ginástica? E/ou como um meio alternativo de transporte? Ela ficou surpresa, quando falei: Por R$ 400 isto é possível, claro, a bike não terá quadro (corpo da bicicleta) de alumínio, o que ao mesmo tempo que reduz o peso, encarece o valor, mas se pensarmos, pedalar para queimar calorias com um 1,5 Kg a mais para carregar, vem bem a calhar. Ah! É tem também o fato, e se roubarem, com uma bike de R$ 1000,0 o desfalque é bem grande, mas caso alguém venha roubar a magrela de aço, o preju é bem menor! (Clique na imagem para ver os detalhes e sugestões). Lembro que se for para homem, a única coisa que muda, é o quadro, que neste caso não precisa ser inclinado.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Locais para correr em São José dos Campos

Olá leitor, bem vindo ao blog e feliz 2010. Começo a postar este ano com dicas de locais para cooper, caminhada ou mesmo um passeio em Sanja (nome carinhoso para São José dos Campos), apelido da cidade que faz uma analogia com Sampa, devido aos rumos aqui da capital do vale, com seus problemas e variedades.

Em São Jose dos Campos, existem 5 opções de locais para correr, Parque da cidade (piso irregular, mas muito espaço), Parque Vicentina Aranha (piso irregular, totalmente plano), Calçadão da avenida Anchieta e Borba Gato (piso ótimo, 90% plano), Parque Santos Dumont (pista meio curta, mas larga e com piso ótimo) e por último a praça Floripes (vulgo maconhão), mas que devia chamar Irmãos Wright, pois é imponente, mesmo não tendo nada, são só dois descampados campos de futebol e uma pista plana de Cooper.